Darwin encontrou uma resposta para o problema de como
gêneros divergem ao fazer uma analogia com as ideias de divisão de trabalho na
indústria. Variedades especializadas de um gênero, ao encontrarem nichos nos
quais sua especialização é mais útil, forçariam a diversificação em espécies.
Ele experimentou com sementes, testando a sua habilidade de sobreviver à água
salgada, para determinar se uma espécie poderia se transferir para uma ilha
isolada pelo mar. Ele também passou a criar pombos para testar a sua hipótese
de que a seleção natural era comparável à "seleção artificial" usada
por criadores de pombos.
Capa do livro A Origem das Espécies, de 1859
Foi então que, na primavera de 1856, Lyell leu um
artigo sobre a introdução de espécies escrito por Alfred Russel Wallace, um
naturalista trabalhando no Bornéu. Ciente da similaridade entre este trabalho e
o de Darwin, Lyell pressionou Darwin para que publicasse o quanto antes a sua
teoria, de forma a estabelecer precedência. Apesar de sua doença, Darwin
iniciou o livro de três volumes intitulado "Seleção Natural"
("Natural Selection"), obtendo espécimes e informações de
naturalistas como Asa Gray e o próprio Wallace. Em dezembro de 1857, quando
trabalhava em seu livro, Darwin recebeu uma carta de Wallace perguntando se ele
se aprofundaria na questão das origens do homem. Ciente dos temores de Lyell,
Darwin respondeu: "Eu acho que irei evitar completamente este assunto, uma
vez que ele é rodeado de preconceitos, embora eu admita que este é o maior e
mais interessante problema para um naturalista". Ele então encorajou
Wallace a teorizar sobre o tema, dizendo "não há observações boas e
originais sem especulação". Quando o seu manuscrito já alcançava 250 mil
palavras, em junho de 1858, Darwin recebeu de Wallace o artigo em que aquele
descrevera o mecanismo evolutivo que concebera. Wallace também solicitara a
Darwin que o enviasse a Lyell. Darwin assim o fez, embora estivesse chocado que
ele tivesse sido "prevenido" do fato. Embora Wallace não tivesse
solicitado a publicação, Darwin se ofereceu para enviar o artigo a qualquer
revista que ele desejasse. Ele descreveu o que se passava para Lyell e Hooker.
Estes concordaram em uma apresentação conjunta na Lynnean Society, em 1 de
julho, do artigo intitulado "Sobre a Tendência das Espécies de formarem
Variedades; e sobre a Perpetuação das Variedades e Espécies por Meios Naturais
de Seleção" (On the Tendency of Species to form Varieties; and on the
Perpetuation of Varieties and Species by Natural Means of Selection).
Infelizmente, o filho caçula de Darwin faleceu e ele não pôde comparecer à
apresentação.
O anúncio inicial da teoria atraiu pouca atenção. Ela
foi mencionada brevemente em algumas resenhas, mas para a maioria dos revisores
era apenas mais uma entre muitas variações de pensamento evolutivo. Nos treze
meses seguintes Darwin sofreu com sua saúde precária e fez um enorme esforço
para escrever um resumo de seu "grande livro sobre espécies".
Recebendo constante encorajamento de seus amigos cientistas, ele finalmente
terminou o texto e Lyell cuidou para que o mesmo fosse publicado por John
Murray. O livro recebeu o título "Sobre a origem das espécies por meio de
seleção natural" (On the Origin of Species by Means of Natural Selection)
e, quando foi colocado à venda em 22 de novembro de 1859, esgotou o estoque de
1250 cópias rapidamente. Naquela época, o termo "evolucionismo"
implicava criação sem intervenção divina e, por isso, Darwin evitou usar as
palavras "evolução" ou "evoluir", embora o livro terminasse
anunciando que "um número incontável das mais belas e maravilhosas formas
evoluíram e estão evoluindo". O livro só mencionava brevemente a ideia de
que seres humanos também deveriam evoluir tal qual outros organismos. Darwin
escreveu de forma propositadamente atenuada que "luz será lançada no
tocante à origem do homem e sua história".
Reação
Ver artigo principal: Efeito social da teoria
evolutiva e Controvérsia da criação vs. evolução
Caricatura publicada na revista Hornet, onde Darwin é
retratado como um macaco.
O livro de Darwin iniciou uma controvérsia pública que
ele acompanhou atentamente, obtendo cortes de jornais de milhares de resenhas,
críticas, artigos, sátiras, paródias e caricaturas. Críticos foram rápidos em
apontar as implicações não discutidas no livro de que "homens fossem
descendentes de macacos" ("men from monkeys"). Entretanto, houve
resenhas favoráveis, entre elas, uma publicada no The Times escrita por Huxley
que incluía críticas a Richard Owen, um expoente do meio científico que Huxley
estava tentando "destronar". Owen pareceu inicialmente neutro, mas
então escreveu um artigo condenando o livro.
O corpo científico da Igreja da Inglaterra, incluindo
os antigos tutores de Darwin em Cambridge, Sedgwick e Henslow, reagiu contra o
livro, embora ele tenha sido bem recebido por uma nova geração de jovens
naturalistas. Foi quando sete ensaios e resenhas feitas por sete teólogos
anglicanos liberais declararam que milagres eram irracionais e atraíram a
atenção para si, desviando-a de Darwin.
O confronto mais famoso ocorreu em um encontro da
Associação Britânica para o Avanço da Ciência em Oxford. O professor John
William Draper fez uma longa apresentação sobre Darwin e progresso social e,
então, Samuel Wilberforce, o bispo de Oxford, atacou as ideias de Darwin. Em um
acalorado debate, Joseph Hooker defendeu Darwin com tenacidade e Thomas Huxley
se estabeleceu como o "bulldog de Darwin" – o mais veemente defensor
da teoria evolutiva no palco Vitoriano. Conta-se que tendo sido questionado por
Wilberforce se ele descendia de macacos por parte de pai ou de mãe, Huxley
murmurou: "O Senhor o deixou em minhas mãos" e respondeu que
"preferia ser descendente de um macaco que de um homem educado que usava
sua cultura e eloquência a serviço do preconceito e da mentira" (isto é
contestado, veja Wilberforce and Huxley: A Legendary Encounter). Logo se
espalhou pelo país a história de que Huxley teria dito que preferia ser um
macaco a um bispo.
Muitas pessoas sentiam que a visão de Darwin da
natureza acabava com a importante distinção entre homem e animais. O próprio
Darwin não defendia suas ideias em público, embora ele lesse avidamente tudo
sobre o debate. Ele se encontrava frequentemente doente e apenas fazia
comentários através de cartas e correspondência. Seu círculo central de amigos
cientistas – Huxley, Hooker, Charles Lyell e Asa Gray – ativamente colocavam
seu trabalho em discussão nos palcos científico e público, defendendo-o de seus
muitos críticos e ajudando-o a ganhar o respeito que lhe valeu a medalha Copley
da Royal Society em 1864. A teoria de Darwin também foi usada como base para
vários movimentos da época e tornou-se parte da cultura popular. O livro foi traduzido
para muitos idiomas e teve numerosas reimpressões. Tornou-se um texto
científico acessível tanto para aos novos e curiosos cidadãos da classe média
quanto para os trabalhadores e foi aclamado como o mais controverso e discutido
livro científico de todos os tempos.
Referências: https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Darwin